terça-feira, 15 de junho de 2010

Uma história sobre a Gentileza

Vou contar uma breve história...

Começou ontem a noite com uma de minhas várias insônias que me fazem pensar, pensar, pensar, etc. etc. etc. e pensei uma coisa muito rotineira: dividas. Lembrei das minhas contas e... puts! Quando iriam vencer? Olhei na internet e fiquei assustado quando vi que o vencimento era para hoje. Hoje de manhã acordei cedo, fui falar com minha mãe sobre isso. Ela viu e percebeu que havia esquecido (coisa rara, ela sempre lembra DE TUDO) e então não era a minha, mas a da minha irmã. Então ela pediu se eu poderia ir pagar, porque minha irmã estaria ocupada. Eu fui. No caminho, peguei o ônibus e como sempre se é possível deixo as senhoras passarem, etc. Chegando lá abro a porta como sempre faço, para quem sai e dou passagem e depois entro no banco, etc. Essas coisas simples, sabe? Na volta, estava para pegar o ônibus e havia um cadeirante, provavelmente ele esperava a um bom tempo aqueles ônibus de plataforma mecânica. Chegou um ônibus para nós com espaço para cadeirantes, mas aqueles ônibus de um engenheiro BURRO, que espera que o altruísmo estará presente em todos os passageiros que pegaram o mesmo ônibus do cadeirante, pois este não tem as plataformas levadiças. Enfim, ele já estava na idéia de esperar o próximo com essas plataformas, mas enfim, me predispus a ajudá-lo, oras, que trabalho seria? Na hora de colocá-lo no ônibus teve quem se ofereceu... Mas na hora de descer, não! Então fiquei feito besta, imaginando como desceria ele sozinho, quando a cobradora(sim, eram mulheres, cobradora e motorista, logo, uma dificuldade para elas fazer isso) meio em tom de "puta merda, gente!" pediu quem poderia ajudar. Um perdido veio ajudar. O cadeirante agradeceu, e continuamos a viagem. Na hora de eu descer no meu ponto, foi normal como sempre. E vi que uma moça estava correndo para não perder o ônibus que eu havia perdido, então dei um toquezinho na janela da cobradora para ver que a moça já estava do lado do ônibus, mas eu me entortei e quase cai no chão e torci o tornozelo (risos). A moça grata, ficou meio sem reação, logo me recompus e ela agradeceu. Cheguei em casa e almoçarei a comida fria, pois fui no banco no horário de almoço.
Enfim...
O altruísmo é uma merda porque o cosmos não se adapta a me retornar as gentilezas? Não acho. Oras, é muito fácil por a culpa num supraterreno que não sabemos como funciona, é muito fácil dar qualquer desculpa em não sermos generosos com o próximo. E mais, não acho que seja pura generosidade, é mais atitudes práticas. Veja: eu fui pagar as contas invés da minha irmã porque sei que ela tem dificuldades nessas coisas de banco, etc. Já eu faço rápido tudo isso. Ela indo poderia se atrapalhar, demorar, ligar pra minha mãe, enfim... Abrir uma porta para alguém pode não ter algo muito prático, mas em geral quando você faz isso você facilita a passagem. Oferecer-se para ajudar ao cadeirante foi pelo fato de que prefiro me arrepender sempre de algo que fiz do que de algo que não fiz, e entre fazer e não fazer prefiro a primeira opção. Ajudá-lo a sair de prontidão é pelo simples fato de agilizar a viagem. Ajudar a segurar o ônibus para alguém que está vindo é uma atitude que sempre fico muito grato quando alguém a faz por mim, então faço pelos outros.

Não vejo as pessoas como cegas ou más. Vejo como perdidas. Não sabem o que fazer numa situação que alguém, em geral desconhecido, precisa da ajuda dela. Ajudar nessas condições conota muitas coisas: "vão achar que faço isso para chamar atenção", "...para parecer uma boa pessoa", não faço porque "vão me achar tolo", "perdendo tempo", etc. Mas o ato de altruísmo me parece mais uma atitude prática do que qualquer outra coisa. Enquanto vejo filósofos discutirem em ética sobre se o altruísmo é ou não uma atitude sincera e de bondade natural, acho que deveriam ver a seguinte opção: O altruísmo ajuda ao mundo ser mais prático ou não? É uma atitude que transforma situações de desconforto em conforto mental, etc?
Ainda terão os que falaram que esse conforto, essa prática, essa atividade mais ágil é tudo corroborada por uma sociedade que necessita que o mundo seja prático... É mesmo? Então porque é tão ineficiente todas essas atitudes na prática? Digo isso porque tudo que a sociedade necessidade do povo quase que sempre ela consegue. Ela não necessita de altruísmo, ela necessita de qualquer darwinismo tosco sobre sobrevivência do mais forte, e dar migalhas aos fracos. Não uma evolução mutua, mas o mesmo "subir ao topo sob a cabeça de outros".
Não entro em maiores discussões, porque essa não é a viés desse pequeno "comentário" sobre o mundo, mas um simples consenso a que chego.

Um comentário:

  1. Eu acredito que as pessoas (no seu cotidiano) não espera, porque não é acostumado a esperar, gentilezas de pessoas desconhecidas, seria como uma guerra la fora, "foda-se todos o importante sou eu" e quando alguém é gentil as pessoas ficam paralizadas e não sabem o que faz.

    e, vamos combinar, isso é muito triste.

    concordo com o fato de ser prático, as pessoas podem facilitar muito a vida uma da outra se agirem assim.

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