domingo, 27 de junho de 2010

Meditação II

Divagando metafisicamente:

O mundo das idéias é tão fantástico quanto limitador: dele partimos para dentro dele, até um infinito e nunca chegamos a lugar nenhum. Num mundo sem medidas prováveis e visíveis as possibilidades caem em quantidades, se não "infinitas", próximas a ocupar nossas mentes por todos nossos anos de nossa vida. Mas de onde tudo parte? O para onde é uma pergunta ingênua ao meu ver, por isso acho melhor o de onde. Serão os arquétipos primordiais que formam e se somam uns aos outros, se multiplicam e seguem uma matemática única deles que com o tempo dimanam possibilidades recheadas por uma probabilidade infinitesimal. Parto da idéia de Abellio:

"Os números 1 e 2 se mantêm fora da manifestação espacial, e sua exclusão se prende, diretamente, à lei fundamental segundo a qual qualquer manifestação exige a trindade e começa por ela."
E chego na conclusão rápida, de uma outra velha citação que não lembro com exatidão e nem de quem é:"do um gera-se o dois, e do dois o três... do três gera-se todas outras dez mil coisas." Vide que, para a Kaballah, 10000 é um número grande, representa a diversidade: uma infinitude, digamos. Logo, o ponto é que com os 10 algarismos/números temos possibilidades gigantescas. Então o princípio pode ser único ou serem poucos. Talvez essas certas fontes básicas... espalhando-se e ampliando-se sempre... em novas formas... novos conjuntos.

sábado, 26 de junho de 2010

Em busca: uma perda, um arrependimento...

Tento fugir dessa minha arenga ontológica quando a vejo, quando falo-lhe. Fracasso tanto em objetivo quando em ato: aninhado em seu colo, numa profusão mental - a de sempre - que aumenta só de ver esse olhar que me encara, sem medo - que admira? que busca? o quê busca? -. Quê olhar é este que me prendeu a dias? Como posso aceitar esse meu excesso de contemplação? Eis que poderia ter-lhe feito minha amante? Deveras na contingência perturbante eu só tenho as dúvidas cheias de falta de quaisquer respostas. Posso e não posso. Torturo-me eternamente por todos momentos iguais passados e que fazem da dúvida esse deus algoz dos espíritos que afinam-se nesse caminho que é questionar. Finjo que sou o último, o mais provável: quando seria o melhor momento... ou já passara... não sei. Por isso perco o seu colo quente e confortável para o frio avassalador dos dias sozinhos sem resposta. Perdi um beijo seu, ganhei mais dúvida. Perdi...
Fazendo de conta: minha última dúvida: será ainda que posso resgatar o que ainda nem tive?

Análise dos meus sonhos I


A experiência de ter sonhos com perfeição e um realismo única pode ser assustadora no início. Mas a experiência de "visitar" lugares reais durante o sonho pode parecer mais ainda. Muitos nomes para essa experiência podem ser dados: projeção de consciência, experiência extra-corpórea, viagem astral, desdobramento astral ou de consciência, etc. Mas pessoalmente não consigo dar nomes as coisas que não tenho plena ciência ou certeza, pois não sei se é meu desdobramento astral, se é uma projeção mental ou de consciência, não sei o que é, afinal, digo que simplesmente é uma experiência X.
Bom, não querendo reduzir essa experiência ao nada, mas desconstruí-la em busca de maior compreensão eu prefiro não tentar entendê-la através de "ciências holísticas" e coisas do gênero. Mas por uma busca interior, numa "ciência" de si mesmo.

Posso relatar em partes a experiência, pois só lembro de trechos:
Eu estava caminhando a noite por uma rua próxima de casa de shorts e camiseta com um cobertor antigo meu, estava fria a noite e eu sentia o frio. Nessa hora olhei para o céu e lá estava a lua como hoje, cheia. (mais tarde, quando acordei dessa "soneca" que durou o fim da tarde e o início da noite, a lua estava lá no mesmo lugar que nos sonho, digamos: na mesma direção, mas só cheguei a vê-la quando acordei.) Então eu pensei: até que enfim parei de sonhar e acordei! (Sim, no sonho pensava isso e sentia a realidade e todas sensações) Havia tido outros sonhos que agora estão confusos, não lembro quase nada. Então comecei a ouvir uma música (e essa parte é a mais interessante e complexa. Porque eu me confundia com a direção de onde vinha a música, como muitas vezes acontece na realidade, e a música aumentava ou diminuía a partir do momento que eu ia na direção) Nessa hora eu já estava mergulhado no sonho e crendo nele como realidade. Segui a música, (era a música que eu estava ouvindo enquanto eu dormia, costumo ouvir música enquanto durmo) e de repente de um lugar familiar ele transformou-se em um totalmente diferente. Era uma entrada de mercado, com passagens para paradas rápidas de carro mas a passagem estava bloqueada porque acontecia uma apresentação, que agora não lembro exatamente do que: se eram dançarinos, se era circense, mágica (acho que não)... Fiquei assistindo e me sentindo deslocado, com meu cobertor e meu vestuário caseiro... Queria ir embora, mas não sabia como ir. De repente localizo no passeio do outro lado da rua uma amiga que tenho muito carinho. Ela estava sempre bem vestida como sempre, e eu sentia já um frio muito grande, estava realmente frio. Todos vestidos com roupas de inverno, enquanto eu ainda estava de shorts e camiseta com o cobertor velho. E procurei esquecer meu desconforto mental e físico e quis fazer uma surpresa chegando perto dela, por trás, dando um sustinho. Quando cheguei perto e a toquei ela me ignorou e continuou a andar, eu tentei de novo e de novo. Nessa hora o cenário mudou um pouco e ela do nada (não lembro exatamente) ou me abraça sorrindo dizendo que estava brincando ou pula em cima de mim rindo e me mordendo. Nisso ficamos abraçados eu sentia o calor do corpo dela, o volume de várias roupas, o toque da mão fria dela nas minhas mãos quentes e o rosto dela com uma textura agradável. Ela me olhou nos olhos e me empurrou contra uma parede próxima a nós dois. (Agora era um corredor branco, com aberturas para céu aberto entre as colunas do lado direito, contrárias a parede em que estávamos. A construção era antiga, aparência meio bizantina, meio grega, era iluminada com archotes intercalados nas paredes e colunas.) E segurou meu rosto e me deu um beijo. Foi um beijo quente, profundo, violento (com mordidas etc), e bem próximo... Nos olhávamos entre uma parada e outra dos beijos e continuávamos a nos beijar. As carícias aumentavam, a sensação dos nossos corpos grudados um no outro, somente separados pelas camadas de roupas, era de um realismo "sensitivo" absurdo. E começamos a nos despir... Enfim... De repente, eu acordei.

Sim, acabou não com uma sensação de raiva por terminar tão de repente, mas de confusão, minha mente REALMENTE achava que eu estava vivendo uma realidade. Que aquilo era realmente realidade!
O que inicialmente parecia uma "projeção astral" para umas ruas perto de casa se transformou num sonho de uma realidade única. Estou fazendo, pessoalmente, várias analises dos sonhos. Achei que escrever ele, manter um arquivo desse sonho ajudaria. E como farei dentre todos os próximos, porque tem ocorrido muitos desses sonhos. Mas principalmente em cochilos durante o dia e quase nada durante a noite.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Uma divagação...

Entre alguns autores que li por ai, vi homens que diziam não serem suicidas por não serem dogmáticos o suficiente para crerem que a morte seria uma solução. Mas, em contrapartida, este mesmo autor dizia que era depressivo, uma hiena filosofante. Emil Cioran é de quem falo. Ele como bom cético, mas não bom o suficiente, apontou em partes para idéias boas. E estarei sendo paradoxal em, também dizer, que errou ou que foi ruim, corrijo-me: ele não foi bom, nem mau, apenas foi. Vejamos: ao dizer que não podia acreditar profundamente em nada, nem na descrença, ele muito bem que fugiu de um suicídio... mas caiu num viver depressivo, dai sai a hiena filosofante, come carniça, mas ri, mas na realidade não ri. Ou seja, um ser que é mascarado para vestir-se em situações. A hiena ri, uiva, é silenciosa. Mas... e por dentro o que passa? Odium fati, essa é a saída anti-nietzscheana de Cioran. Aceitar a vida, o niilismo, para Cioran, não é mais descobrir o amor fati pelas coisas e pela vida, mas a vida, desse modo aparentemente caótico e sem explicações, merece o ódio por tudo isso, por justamente não ter explicação. Daí, como sempre, um castelo de cartas desmoronando ou como em efeito dominó, disso acaba na depressão, na tristeza profunda.
Ele teve uma escolha, nós precisamos sempre escolher por qual ponto de vista iremos olhar para a vida. Somos corpos que vivem e adquirem experiência, podemos olhar para algo que nos remete a um passado, sofrer por isso porque aquilo nos remete a também todos males que passamos por isso, como que bem pode ser todas as coisas boas... O corpo é memorioso, disse Espinosa. Logo, em maior parte, podemos afirmar que o mais profundo é a pele, o cheiro...que o mais profundo é o olhar. E o pensar, supor talvez, o que ele - o olhar - significa, o que ele quer nos dizer: o olhar fixo que nos intimida, o que ele diz? o tímido que nos faz sentir donos da situação, por que és assim? Como o toque certeiro de uma mão sedenta, na pele nua de um corpo, como rio, permite ser adentrado? Tanto como o toque tímido e desprovido de experiência, coragem, mas que busca e nessa busca percorre... O que ocorre é experiência. Tantos outros sentidos, tantos outras infinitas possibilidades!
O corpo tem memória porque é através dele que experimentamos o mundo; podemos abstrair tudo no campo da mente - e o fazemos -, mas o que vale é tudo isso, já dito, sendo: o toque - como os dos lábios, das mãos... -, o olhar - que pune ou que é cumplice do amor -, o cheiro - que nos anestesia, nos deixa famintos, inquietos, hiperativos! -, o sabor - por que não falar de novo do beijo? Como também de tantos outros sabores -, a palavra - som que pode ser belo, que pode ser vil, que pode ser sincero - e todos outros sons que sem eles o que são as cores? - Então, em suma, somos só sentidos e abstração? Só? Se isso não for o bastante: Talvez. Quem pode afirmar ou negar isso?

O mais válido nisso tudo é justamente isso tudo, a experiência. Todas ações e reações. Toda energia e substância. Todas coisas em unicidade, dualidade, que transcorrem até o infinito. O negativo existe, assim como há também um positivo. Não sei se há equilíbrio (espero que haja), mas quem dosa as coisas somos nós.

Os fatos, em si mesmos, não possuem características algumas, se formos analisar bem. Nós depositamos o que achamos, o que parece nosso, também o que parece ser socialmente aceito, senso comum... Os fatos então são todo um conglomerado de características do mundo expressas numa parte só, ou seja, num fato. E fatos são conglomerados unindo-se uns aos outros, e explicando uns aos outros, como também negando uns aos outros.
Aonde parece que quero chegar com tudo isso? Pode parecer confuso, mas mesmo uma postura cética ainda tem fortes chances de fazer parte deste conglomerado que auto-afirma-se como cética. Logo, não vamos negá-la ou contradizê-la ou deixá-la de lado. Poxa, é um instrumento a ser utilizado, como tantas outras coisas. Não sobrepor nada a nada? Também não sei se isso é possível.
Mas nesse viver e aprender - pelos sentidos, pelas idéias, por tudo o mais -, temos chance de viver de formas incríveis: é só olhar para o mundo e ver tudo que o homem já foi capaz de fazer, tanto para o "bem" como para o "mal"(entre aspas para não entrar em nenhuma discussão ética-moral).
Nisso, o pessimismo pode me ser útil, esclarece e justifica minha dor e minha inanição, como o otimismo justificaria o "não-ligar" para os erros... Por isso Cioran, foi muito bom enquanto durou o meu casamento com sua idéias. Mas agora outorgo-me ideologicamente solteiro.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Meta-argumentação

Me sinto cansado de TER que TER bons argumentos. Simplesmente prefiro o conhecido "papo-reto" do que toda uma estruturação lógica condicionada pelo sistema epistemológico de parecer "ter que explicar para qualquer um sobre qualquer assunto". Seria interessante isso... caso fosse igual a essa teoria. O problema é que leia muitos livros de comentadores de filosofia, de analistas políticos etc. O que vemos? um monte de blablablá afastado do que É, para uma análise superficial sobre tudo.
Como podemos nos achar sabendo sobre o que ocorre na política pelos jornais e revistas cheios de suas censuras comerciais e parcialidades, ou as informações que obtemos no próprio mundo acadêmico, que promete-nos informações livres de qualquer parcialidade, qualquer "qualquer outra coisa" que nos impediria de analisarmos as informações pela pureza dos fatos. Inclusive o mundo acadêmico torna-se uma "fraternidade" daqueles que tem acesso "as reais informações", puxa, como se ao entrarmos numa universidade, entrássemos também num acesso direto a um oráculo de informações reais.
É só ver uma pessoa antes e depois de entrar num curso qualquer de faculdade: se é direito, ele analisará tudo sob a ótica jurídica, se é filosofia, sob a ótica crítica, psicologia, sob a ótica psicanalítica etc. Uma verdadeira doutrinação de mentes. Você se transforma em um especialista e também em um grande babaca que segue as normas de como querem que sigam SEMPRE.
Grandes mentes, pouco conhecidas pela mídia, que eu admiro simplesmente abdicaram do mundo acadêmico. Viram que nele só teria um terreno infrutífero cheio de mimimis que impõe desde o início uma falsa liberdade na pesquisa. Você é livre, sim, para pesquisar aquilo que é outorgado "seguro" e com cidadania acadêmica.
Não se pode pesquisar alguém que tenha recebido um título de guru, por exemplo, sem que cai no cinismo degradante de que este não falava coisas sérias, mas pode pesquisar um "grande autor" que dizia que filosofias eram só retórica ou só discurso própria, opiniática... Pera ai, que mundo lógico ilógico é esse? Contradições atrás de contradições baseados no argumento do Livre Pensar. Mas que Livre Pensar de merda é esse? Posso colocar todas grandes idéias em pé de igualdade... mas umas serão mais iguais do que outras.
Posso muito bem ficar litigando em busca de respostas para isso como se eu estivesse em mais um meta-alguma-coisa, no caso, um tribunal que julga os próprios julgamentos, mas não dá. Por isso, sobra-me cair de cabeça nesse mundinho, ou deixá-lo de lado os blablablás e mimimis, mas continuar com a crítica, continuar com a filosofia.
Não há dúvidas em minha escolha, não é?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Meditação I

Em uma conversa com um amigo ontem cheguei a uma conclusão precipitada: não tenho nada! Mas hoje ao acordar, ver o dia bonito, me vestir e deitar sob o sol forte, percebi: eu tenho tudo. Um provérbio antigo dos árabes diz: "Só é seu aquilo que pode salvar sem problema algum, em um naufrágio". Ou seja, nada material não atrapalhará o suficiente para você salvar e ser salvo tranquilamente. É um provérbio simples. A idéia é simples.
Eu não tenho nada, porque não preciso de nada. Logo, eu tenho tudo que me é necessário. Todo o resto que me aparece em vida é um lucro virtual, imaginário. Ganhei, mas um dia posso perder, aliás, um dia VOU perder. Logo, os pontos de vistas podem se contrair, se adaptarem, transformarem-se em novos... tudo pela facilidade que isso provoca na vida de cada um. Prefiro ter tudo e não nada. Simples ataraxia mental de meu psicológico adaptado a entender conceitos pelo "O QUE ELES PODEM SER NO MUNDO". Entender que tudo é "melhor" que nada, é algo visualmente claro. Não precisa conceituar muito tempo o que é tudo e o que é nada. Na pior das hipóteses, tudo ainda é melhor que nada. Só uma mente muito fatalista e perdida em idéias e poesias depressivas é que pensaria no nada como saída de algo.

Tenho tudo. Essa é a cartada final para alguém que vê-se no olho do furacão em busca de algo e que tudo lhe foge e fica rodando, rodando, rodando... Coisas no caos, na destruição... estar no olho do furacão? Uma saída! Buscar o centro é uma saída. O equilíbrio. Tenho tudo e não tenho nada. Melhor assim. Sem muito apego, sem muito ilusão, pelo caminho... pelo aqui-agora.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Uma história sobre a Gentileza

Vou contar uma breve história...

Começou ontem a noite com uma de minhas várias insônias que me fazem pensar, pensar, pensar, etc. etc. etc. e pensei uma coisa muito rotineira: dividas. Lembrei das minhas contas e... puts! Quando iriam vencer? Olhei na internet e fiquei assustado quando vi que o vencimento era para hoje. Hoje de manhã acordei cedo, fui falar com minha mãe sobre isso. Ela viu e percebeu que havia esquecido (coisa rara, ela sempre lembra DE TUDO) e então não era a minha, mas a da minha irmã. Então ela pediu se eu poderia ir pagar, porque minha irmã estaria ocupada. Eu fui. No caminho, peguei o ônibus e como sempre se é possível deixo as senhoras passarem, etc. Chegando lá abro a porta como sempre faço, para quem sai e dou passagem e depois entro no banco, etc. Essas coisas simples, sabe? Na volta, estava para pegar o ônibus e havia um cadeirante, provavelmente ele esperava a um bom tempo aqueles ônibus de plataforma mecânica. Chegou um ônibus para nós com espaço para cadeirantes, mas aqueles ônibus de um engenheiro BURRO, que espera que o altruísmo estará presente em todos os passageiros que pegaram o mesmo ônibus do cadeirante, pois este não tem as plataformas levadiças. Enfim, ele já estava na idéia de esperar o próximo com essas plataformas, mas enfim, me predispus a ajudá-lo, oras, que trabalho seria? Na hora de colocá-lo no ônibus teve quem se ofereceu... Mas na hora de descer, não! Então fiquei feito besta, imaginando como desceria ele sozinho, quando a cobradora(sim, eram mulheres, cobradora e motorista, logo, uma dificuldade para elas fazer isso) meio em tom de "puta merda, gente!" pediu quem poderia ajudar. Um perdido veio ajudar. O cadeirante agradeceu, e continuamos a viagem. Na hora de eu descer no meu ponto, foi normal como sempre. E vi que uma moça estava correndo para não perder o ônibus que eu havia perdido, então dei um toquezinho na janela da cobradora para ver que a moça já estava do lado do ônibus, mas eu me entortei e quase cai no chão e torci o tornozelo (risos). A moça grata, ficou meio sem reação, logo me recompus e ela agradeceu. Cheguei em casa e almoçarei a comida fria, pois fui no banco no horário de almoço.
Enfim...
O altruísmo é uma merda porque o cosmos não se adapta a me retornar as gentilezas? Não acho. Oras, é muito fácil por a culpa num supraterreno que não sabemos como funciona, é muito fácil dar qualquer desculpa em não sermos generosos com o próximo. E mais, não acho que seja pura generosidade, é mais atitudes práticas. Veja: eu fui pagar as contas invés da minha irmã porque sei que ela tem dificuldades nessas coisas de banco, etc. Já eu faço rápido tudo isso. Ela indo poderia se atrapalhar, demorar, ligar pra minha mãe, enfim... Abrir uma porta para alguém pode não ter algo muito prático, mas em geral quando você faz isso você facilita a passagem. Oferecer-se para ajudar ao cadeirante foi pelo fato de que prefiro me arrepender sempre de algo que fiz do que de algo que não fiz, e entre fazer e não fazer prefiro a primeira opção. Ajudá-lo a sair de prontidão é pelo simples fato de agilizar a viagem. Ajudar a segurar o ônibus para alguém que está vindo é uma atitude que sempre fico muito grato quando alguém a faz por mim, então faço pelos outros.

Não vejo as pessoas como cegas ou más. Vejo como perdidas. Não sabem o que fazer numa situação que alguém, em geral desconhecido, precisa da ajuda dela. Ajudar nessas condições conota muitas coisas: "vão achar que faço isso para chamar atenção", "...para parecer uma boa pessoa", não faço porque "vão me achar tolo", "perdendo tempo", etc. Mas o ato de altruísmo me parece mais uma atitude prática do que qualquer outra coisa. Enquanto vejo filósofos discutirem em ética sobre se o altruísmo é ou não uma atitude sincera e de bondade natural, acho que deveriam ver a seguinte opção: O altruísmo ajuda ao mundo ser mais prático ou não? É uma atitude que transforma situações de desconforto em conforto mental, etc?
Ainda terão os que falaram que esse conforto, essa prática, essa atividade mais ágil é tudo corroborada por uma sociedade que necessita que o mundo seja prático... É mesmo? Então porque é tão ineficiente todas essas atitudes na prática? Digo isso porque tudo que a sociedade necessidade do povo quase que sempre ela consegue. Ela não necessita de altruísmo, ela necessita de qualquer darwinismo tosco sobre sobrevivência do mais forte, e dar migalhas aos fracos. Não uma evolução mutua, mas o mesmo "subir ao topo sob a cabeça de outros".
Não entro em maiores discussões, porque essa não é a viés desse pequeno "comentário" sobre o mundo, mas um simples consenso a que chego.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Conhecer?

O que de fato é conhecer? Essa pergunta, antes de qualquer perda de tempo com tentativas "em conhecer", deveria ser feita. Pergunta-se: o que é o bem e o mal, o que é virtude, moral, verdade, etc. Mas, de modo prático esqueceu-se do que é conhecer. De modo cético, permanecemos num espaço apertado da mente, mas de um modo cético e vazio. Não há sentido, nós criamos o sentido, logo nos tornamos permissíveis a qualquer bobagem. Mas avaliando de perto chego a uma conclusão aparentemente confusa: mesmo quando criou-se dogmas, criou-se sentidos achando que eles fossem verdades, mesmo na enganação e na abdicação da postura cética, o homem ainda assim, sob a mesma perspectiva cética, criou um sentido aonde antes não tinha. Criar sentidos então tem que ser respeitado não importa quais? Entraremos então em questões morais. Entraremos na questão de invadir o espaço de outro! Sem muita enrolação metaexplicativa, eu visualizo do seguinte modo (quase que em um organograma): Viver necessita de sentidos. > sentidos são criados pela experiência e pela busca subjetiva de cada um. > Experiência: viver sob os sentidos já criado por outros. > Logo, uma cópia de sentidos, quimeras ontológicas. > Então a contradição quase que se torna eminente aqui. Muitas contradições.
O fato de buscar um sentido confronta com a idéia cética, logo, é questão conceitual dizer como o cético usa ou não o ceticismo. Podemos adentrar, inclusive, que não existam pessoas realmente céticas, mas existem pessoas que se utilizam do ceticismo como um instrumento avaliador de idéias (portanto, de sentidos também). Podemos adentrar em todas e quaisquer questões que não levarão a nada, só pura conceituação cheia de perambulações pela lógica, pelos princípios de não-contradição e que na aplicação do dia-a-dia nada servem. Sentido prático é apresentado? Pode ser para alguns, para mim: uma necessidade em visualizar as coisas a partir do nada para o nada. Sentidos? Virão e irão embora. Contradições? Aos montes... Como sempre estruturadas nesse nosso aristotelismo em ver as coisas.

Logo, o conhecimento, um instrumento para quem busca, seria o que nas mãos de cada um? Busca pura e simples de sentido? Forma de exercer poder? Exercício desgarrado de qualquer pretensão do ego? O que...

Uma dentre tantas dúvidas dantes já ocorridas em tantas outras mentes.