quarta-feira, 21 de julho de 2010

Uma outra divagação: "Uma viagem dentro da viagem" ou "Qualquer coisa de um qualquer!"

A forma dele viver era simples, ele não exigia tanto da vida, não mais. O que precisava: estar rodeado de bons livros, ter uma cama confortável, boa comida e bebida, e as vezes, que sobra-se um pouco de dinheiro para sair numa noite que desse vontade. Ele percebia que era muito diferente das outras pessoas, mas ainda assim uma pessoa comum. Quando relacionou a possibilidade dele ser comum com o fato de que ele tinha que conviver consigo mesmo o tempo todo, estando ou não consciente, ele percebeu que ai estava o segredo do seu desagrado... ou seu conforto, dependia sempre do momento.
Sua opinião era sempre ambígua e ele nunca mais conseguiu ser extremista em mais nada - a não ser em ser extremista e radical com pessoas que eram extremistas e radicais, meio que se revoltava com as "grandes opiniões", as "grandes verdades" ou quaisquer outras ideologias meio capengas que ele nunca entenderia porque conseguiam fixar-se tão fortemente em cabeças fracas, não podia ser só pela cabeça fraca e pouco pensante, mas não sabia o que mais podia ser...MESMO.
Opiniões para ele eram como andar de ônibus: mesmo que tal caminho tenha que ser feito várias vezes, da mesma forma, passando pelos mesmos lugares, etc. muitas vezes - ou quase sempre, depende do ônibus - os passageiros mudam, o motorista muda, mas o percurso pode se manter o mesmo. Mas quando você precisa ir para algum lugar diferente não irá poder usar o mesmo ônibus. A opinião muda, TEM que mudar.Ela sempre muda, até mesmo quando o caminho é parecido, e muda ainda mais quando o caminho é diferente. Ainda mais, nem sempre estaremos no controle, ele pensava - quase nunca para dizer a verdade, pode-se saber o caminho que o ônibus faz, mas quem guia é o motorista -, e quase sempre quem guia é alguém que pouco conhecemos, que muitas vezes não sabemos os planos da "viagem".
Enfim essa metáfora para ele sempre foi boa, as vezes chegava a ser hermética até para ele, mas quando ele falava dela muitas pessoas se impressionavam. Isso significava alguma coisa (ou nada), que pelo menos enganava bem as pessoas, que talvez sua OPINIÃO enganava bem! Hahaha. Uma viagem dentro de outra viagem, parecia agora uma meta-metáfora feita por algum cientista físico quântico ou algum usuário de LSD, ou por um físico quântico usuário de LSD.
Com as opiniões ele fazia o mesmo que uma senhorinha, que havia conhecido pelos seus pais, uma cliente do comércio deles: ela aproveitava sua aposentadoria e seu passe gratuito pelos transportes públicos pulando de ônibus em ônibus, viajando, viajando... Ele era ela em suas opiniões: um viajante, louco e transeunte, que passava por diversas vezes nas vidas de outros em diversos outros caminhos.
Queria ele ser assim em todos os instantes, quase uma metáfora de um neo-cínico imitando os velhos gregos cínicos, ou um louco... Ou algum qualquer que criou uma história qualquer em uma outra vida qualquer. Antes ser um QUALQUER desses do que qualquer outro esquecível.
No final ele perguntou-se: vale mais uma vida lembrada pelos outros ou qualquer outro tipo de vida? ... O que valia na vida afinal? Sempre que se perguntava ele sentia que não iria viver muitos anos, não o suficiente para responder essa pergunta.

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