quinta-feira, 8 de julho de 2010

Poema III

Será impressão minha?
O mundo está mais poeta,
As pessoas exalam palavras
Rimas, prosas e versos...

Tudo está tão mais poesia,
nem feliz, nem triste
Uma palavra em riste
uma lágrima caindo
entre o papel e a tinta
confunde, arguia,
todo um dolo selvagem
de palavras, ora alegres,
ora tristes, quão verdadeiras?
Tão presas, em certezas vazias...

O que solto de minha boca,
nem é um grito, nem um pranto,
Nem arfar do cansaço de dias,
O que sai é dúvida sensível,
sensata, sincera, mas despreparada.

Não ouso pendurar bandeiras
Que ditem idéias e clamem o medo,
Que acham-se puras, boas e justas.

Não quero impelir minhas certezas
Que nem sei se tão certas são
Quero só uma boa dúvida
E prefiro até o fracasso pedagogo
Do que a vitória vazia...
(...Que vitória é essa, afinal?)

Demoro a dar os passos
Olho, à procura de pedras,
para o chão calcado por anos
Quantos pés já recebestes?
E quantos duraram?
Quantos pereceram?
Quantos caíram de joelhos,
com mãos aos céus,
pedindo clemencia?

Não quero certezas,
talvez, poesia, talvez...

Quero sentir enquanto há tempo
até o sempre, quando não me sobrará
mais dias atrás de dias.

Não quero certezas, não
talvez poesias, talvez erro,
insensatez, ação e beijo
cheiro e vida e abraços
lasciva, suspiros e olhares...

Não quero certezas,
elas não me bastarão!
E se for a poesia,
que seja a mais bem sentida!

3 comentários:

  1. Não quero certezas,
    elas não me bastarão!
    E se for a poesia,
    que seja a mais bem sentida!

    eu adorei isso *-*
    nossa, adorei esse poema.

    não é feliz, não é triste, o que seria então?

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  2. E prefiro até o fracasso pedagogo
    Do que a vitória vazia...

    bem mais válido.


    ótimo! adorei o poema. vc tá escrevendo cada vez melhor, amado! *-*

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